
Machado de Assis
Quincas Borba

Publicado originalmente como folhetim entre 1886 e 1891 e espécie de desdobramento de Memórias Póstumas de Brás Cubas, este romance investiga, entre “morangos adúlteros” e “olhos amotinados”, os efeitos práticos do humanitismo na vida do enfermeiro, discípulo e herdeiro do homem que, além de dar nome ao livro e ao cão, pariu esse arremedo de positivismo e darwinismo social. Pedro Rubião de Alvarenga é um homem vitimado pelo próprio provincianismo e falta de traquejo social. Um homem transformado em objeto do homem.
Narrado numa terceira pessoa pouco comum na obra de Machado, Quincas Borba é um marco no chamado período realista do escritor, sempre com aquela ironia que, como escreveu Austregésilo de Athayde, “provoca esses sorrisos em que os músculos da face se contraem numa expressão indecisa que mais tem de amargura”.
Noemi Jaffe,
escritora, autora de Lili: novela de um luto e O que ela sussurra, entre outros.

INFORMAÇÕES TÉCNICAS:
Capa dura, dimensões: 14 x 21, paginação variável entre 112 e 544 páginas, em papel Pólen Natural 80g.

ISBN: 978-85-8193-513-3

Gil Vicente
Auto da barca do inferno, Farsa de Inês Pereira e Auto da Índia

Nascido em meados do século 15 (não há registro da data exata), Gil Vicente exibia talentos variados: poeta, ator, diretor e mestre de cerimônias da corte. Mas sua consagração se deu como dramaturgo — é considerado o pai do teatro português.
Esta edição traz três das obras mais influentes do autor. A primeira é Auto da Barca do Inferno, em que os mortos precisam se entender com o Diabo, figura divertida e inesquecível, e o Anjo. A moralidade católica conduz os versos, que satirizam a sociedade da época, de nobres a gente do povo.
Também não faltam artifícios cômicos em Farsa de Inês Pereira, a segunda peça do livro, e Auto da Índia.
O teatro vicentino guarda, evidentemente, as marcas daquele tempo, a transição da Idade Média para o Renascimento. Uma dica? Não se deixe vencer pelo estranhamento inicial, a ironia de Gil Vicente resiste muito bem à passagem do tempo — como, aliás, os melhores vinhos portugueses.
Naief Haddad,
repórter especial da Folha.

INFORMAÇÕES TÉCNICAS:
Capa dura, dimensões: 14 x 21, paginação variável entre 112 e 544 páginas, em papel Pólen Natural 80g.

ISBN: 978-85-8193-513-3

Maria Firmina dos Reis
Úrsula e Gupeva

Úrsula é um romance de fundação da literatura brasileira, a partir do qual um novo regime representativo é instaurado. A voz inaudita do negro rompe com o silenciamento constitutivo da História e inscreve a memória como bússola de outra navegação, restituindo ao escravizado a condição de sujeito e articulando na figura senhorial a mímesis do poder que a todos oprime.
O primeiro romance publicado por uma mulher no Brasil torna abolicionista e negra a gênese da escrita feminina ficcional. Já Gupeva alinha ao projeto literário radical da autora a presença indígena. Recompondo o encontro entre o índio e o europeu através do conflito, o mito fundador da nação é desarticulado para salientar sua base impossível: nenhum futuro pode ter uma nação nascida da violência enquanto o estatuto de igualdade entre os sujeitos não for uma realidade.
Fernanda Miranda,
professora de teoria da literatura da Universidade Federal da Bahia

INFORMAÇÕES TÉCNICAS:
Capa dura, dimensões: 14 x 21, paginação variável entre 112 e 544 páginas, em papel Pólen Natural 80g.

ISBN: 978-85-8193-513-3

Fernando Pessoa
Mensagem e Livro do Desassossego

Este volume promove o encontro de duas das obras mais importantes de Fernando Pessoa: de um lado, Mensagem, publicado um ano antes da morte do poeta e marco incontornável do modernismo português; de outro, Livro do Desassossego, obra aberta por excelência.
A primeira, de 1934, é voltada para o lado de fora: a identidade, aqui, não é exatamente a de um poeta, mas sim a de um país inteiro. Dividida em três partes, aborda sebastianismo e as grandes navegações; profundamente líricos e coalhados de referências mitológicas, os poemas são um mergulho na alma de Portugal.
A segunda, obra póstuma só reunida e publicada em 1982, é uma viagem para o mundo de dentro: navega-se por um diário fragmentado e inquieto, na voz do mais desconhecido heterônimo de Pessoa, o ajudante de guarda-livros Bernardo Soares. “Ficamos, pois, cada um entregue a si próprio, na desolação de se sentir viver.”
Noemi Jaffe,
escritora, autora de Lili: novela de um luto e O que ela sussurra, entre outros

INFORMAÇÕES TÉCNICAS:
Capa dura, dimensões: 14 x 21, paginação variável entre 112 e 544 páginas, em papel Pólen Natural 80g.

ISBN: 978-85-8193-513-3

Lima Barreto
Triste fim de Policarpo Quaresma

Visionário ingênuo, patriota obstinado, mofino fanático. Policarpo Quaresma é um dos personagens mais marcantes não só do pré-modernismo brasileiro mas da literatura em língua portuguesa como um todo. Imbuído das melhores intenções, esse herói trágico, taxado de louco, vai se haver com as contradições e hipocrisias de uma sociedade em profunda transformação, no contexto da Primeira República.
Publicado em livro em 1915, Triste fim de Policarpo Quaresma traz Lima Barreto em sua melhor forma, desenvolto e profundamente irônico. A geografia do Rio de Janeiro é personagem importante, com os subúrbios vivos, “refúgio dos infelizes”, cheios de “caixotins humanos”, antípodas do bota-abaixo higienista de Pereira Passos – urbanista que queria, como dizia Barreto, despir a cidade do que lhe era mais característico.
Noemi Jaffe,
escritora, autora de Lili: novela de um luto e O que ela sussurra, entre outros

INFORMAÇÕES TÉCNICAS:
Capa dura, dimensões: 14 x 21, paginação variável entre 112 e 544 páginas, em papel Pólen Natural 80g.

ISBN: 978-85-8193-513-3

Mário de Andrade
Amar, verbo intransitivo (Idílio)

Mais do que Carlos e Fräulein Elza, a governanta alemã que tem como missão iniciar sexualmente o filho de novos ricos paulistanos, os verdadeiros protagonistas de Amar, verbo intransitivo (Idílio) são a língua brasileira e o século 20. Escrito entre 1923 e 1924 e publicado em 1927, o primeiro romance de Mário de Andrade é moderno em todos os sentidos: o narrador abusa dos pronomes oblíquos, os carros e os trens andam em disparada, a ação paga tributo às técnicas de montagem cinematográfica e Freud projeta sobre o livro sua longa sombra.
Amar, verbo intransitivo (Idílio) propõe ao romance brasileiro uma melodia nova, composta pela fala e pelas máquinas. Como ele disse num posfácio a este livro: “Ser melodia nova não quer dizer feia. Carece primeiro a gente se acostumar”.
Noemi Jaffe,
escritora, autora de Lili: novela de um luto e O que ela sussurra, entre outros

INFORMAÇÕES TÉCNICAS:
Capa dura, dimensões: 14 x 21, paginação variável entre 112 e 544 páginas, em papel Pólen Natural 80g.

ISBN: 978-85-8193-513-3

Luís de Camões
Sonetos

Nesta coletânea de 1595 e 1598, o autor de Os Lusíadas expande e aprimora os versos decassílabos introduzidos em Portugal por Sá de Miranda.
Em diálogo constante com o poeta humanista italiano Francesco Petrarca – popularizador do soneto e cuja obra é reescrita, respondida e referenciada neste volume –, os versos de Camões cantam o amor idealizado e a desilusão, a noção heraclitiana de mudança e o conflito entre o desejo e a razão.
Camões nunca deixa de se espantar com o desarranjo do mundo e abre o caminho para os barrocos, inserido no renascimento português mas já com os dois pés no maneirismo do desencanto. É dessa fricção contra a corrente do tempo que se produz a eletricidade que põe em movimento a máquina poética de um de nossos escritores fundamentais. Camões segue mais vivo do que nunca.
Noemi Jaffe,
escritora, autora de Lili: novela de um luto e O que ela sussurra, entre outros

INFORMAÇÕES TÉCNICAS:
Capa dura, dimensões: 14 x 21, paginação variável entre 112 e 544 páginas, em papel Pólen Natural 80g.

ISBN: 978-85-8193-513-3

Júlia Lopes de Almeida
A falência

Júlia Lopes de Almeida é uma das provas mais eloquentes do grau de distorção e injustiça que o machismo pode provocar na memória literária de um povo. Romancista de grande talento, além de jornalista, era tão consagrada em seu tempo que a davam como presença obrigatória entre os fundadores da Academia Brasileira de Letras, em 1897. Que nada: acabou barrada e viu, numa curiosa manobra compensatória, chamarem seu marido, literato de pouca expressão.
A primeira mulher só entraria na ABL oitenta anos depois, período em que a obra de Júlia caiu num esquecimento que nenhum critério artístico justificava. Para comprovar o crime basta ler este A falência, romance realista magistral que, lançado em 1901, situa nos círculos burgueses cariocas dos primórdios da República o pungente drama de uma família rica que vê sua sorte virar.
Sérgio Rodrigues,
colunista da Folha e escritor, autor de A vida futura e O drible

INFORMAÇÕES TÉCNICAS:
Capa dura, dimensões: 14 x 21, paginação variável entre 112 e 544 páginas, em papel Pólen Natural 80g.

ISBN: 978-85-8193-513-3

Aluísio Azevedo
O cortiço

Fala-se muito de O cortiço como um marco do naturalismo no Brasil, como o ápice desse movimento que, em linhas gerais, mostra a influência do meio sobre o comportamento humano e a prevalência do instinto em detrimento da razão.
De fato, faz sentido associar o livro de Aluísio Azevedo a essas ideias. Mas classificá-lo de modo tão categórico não deixa de ser um jeito de prender o romance a uma camisa de força, uma injustiça com a grandeza dessa obra publicada em 1890.
O autor maranhense radicado no Rio de Janeiro descreve a vida áspera no cortiço da mesma forma precisa e envolvente com que expõe a burguesia carioca do século 19. E assim nos conduz pelas histórias da lavadeira Rita Baiana, do barão Miranda e de tantos outros.
O melhor a fazer é deixar os rótulos em segundo plano e se entregar logo à leitura dessa obra-prima.
Naief Haddad,
repórter especial da Folha

INFORMAÇÕES TÉCNICAS:
Capa dura, dimensões: 14 x 21, paginação variável entre 112 e 544 páginas, em papel Pólen Natural 80g.

ISBN: 978-85-8193-513-3

Gregório de Matos
Poemas do manuscrito Lamego

Gregório de Mattos e Guerra é o mais importante poeta da colônia. O seu nome, contudo, recobre um grande corpus atribuído, e não autógrafo, nem certificado, pois a publicação de seus poemas se deu em folhas volantes esparsas, depois copiadas e recolhidas em códices diversos, com muitas variantes.
Quantitativamente, o total de poemas atribuídos a ele chega ao milhar, com cerca de 45 mil versos, em mais de 20 formas poéticas diversas, entre elas, canções, coplas, décimas, endechas, glosas, madrigais, oitavas, quintilhas, romances, redondilhas, sonetos, silvas, tercetos etc. — várias exemplificadas em Poemas do manuscrito Lamego, aqui publicado por Marcello Moreira, notável especialista no assunto.
De tudo, nada lhe deu fama mais imperecível do que a qualidade de suas sátiras, nas quais feriu com o riso e mordeu como cão, não como ovelha.
Quem o ler saberá por que fez jus ao apelido de “Boca do Inferno”.
Alcir Pécora,
professor titular de teoria literária da Unicamp

INFORMAÇÕES TÉCNICAS:
Capa dura, dimensões: 14 x 21, paginação variável entre 112 e 544 páginas, em papel Pólen Natural 80g.

ISBN: 978-85-8193-513-3

Eça de Queiroz
A ilustre casa de Ramires

A Ilustre Casa de Ramires A ilustre casa de Ramires, publicado no ano da morte do português Eça de Queiroz (1900), acompanha as desventuras de Gonçalo Mendes Ramires, o Fidalgo da Torre, o último de uma decadente linhagem, “mais antiga que o reino” de Portugal.
O jovem procura se estabelecer na política escrevendo com esforço uma novela patriótica sobre o passado da família. São três narrativas paralelas — as linhas rebuscadas marteladas por um Ramires recluso na torre, dicionário de sinônimos em punho; o fado do violeiro que decanta em quadrinhas simples as glórias da família; e o relato do cotidiano do fidalgo.
Neste, o leitor descobre as contradições do protagonista, seu caráter questionável e generoso, de convicções frágeis, de gestos heroicos e covardes, e que ao final se revela como uma representação cheia de ironia de muito mais que sua individualidade tosca.
Adriano Schwartz,
professor de literatura da USP

INFORMAÇÕES TÉCNICAS:
Capa dura, dimensões: 14 x 21, paginação variável entre 112 e 544 páginas, em papel Pólen Natural 80g.

ISBN: 978-85-8193-513-3

José de Alencar
Iracema

Espécie de mito fundador não só do Ceará mas do povo brasileiro como um todo, Iracema é o segundo romance da chamada trilogia indianista de José de Alencar. Publicado em 1865 e situado no começo do século 17, o livro trata do encontro de dois mundos: o Velho e o Novo; a civilização e a natureza; uma indígena tabajara, a “virgem dos olhos de mel” do título, e Martim, um português.
Esta fábula da miscigenação não deixa de ser um poema épico: a história de amor proibido entre a jovem sacerdotisa de Tupã e o jovem súdito de Filipe III é desfiada com especial atenção ao ritmo das frases, às metáforas e aliterações. O espírito de Iracema é, a exemplo dos amantes, típico da primeira fase do romantismo: ufanista, colorido, sentimental. Esta obra-prima da literatura brasileira é essencial para entendermos o Brasil de ontem e de hoje.
Noemi Jaffe,
escritora, autora de Lili: novela de um luto e O que ela sussurra, entre outros

INFORMAÇÕES TÉCNICAS:
Capa dura, dimensões: 14 x 21, paginação variável entre 112 e 544 páginas, em papel Pólen Natural 80g.

ISBN: 978-85-8193-513-3

Florbela Espanca
Sonetos

“Deixa dizer-te os lindos versos raros/ Que foram feitos pra te endoidecer”. Esse é o convite da portuguesa Florbela Espanca ao leitor destes Sonetos, produzidos pela autora há quase um século. A rigidez do formato e das rimas contrasta com a temática sombria e de uma sensualidade inovadora para a época.
Florbela Espanca se matou em 1930, no dia do seu aniversário de 36 anos. Teve uma vida pouco ortodoxa: divorciou-se duas vezes e ousou ir à universidade. A saúde mental frágil herdada da mãe, agravada pela dor de dois abortos espontâneos e pela perda trágica do irmão mais novo num acidente de avião, transparece nos versos que falam de mar, cinzas, pétalas roxas. Que celebram o corpo “ébrio de sol, de aroma, de prazer”, cortejam abertamente a morte (“Tão bom que deve ser o teu abraço”) e habitam “Reinos de ansiedade” incrivelmente atuais.
Adriano Schwartz,
professor de literatura da USP

INFORMAÇÕES TÉCNICAS:
Capa dura, dimensões: 14 x 21, paginação variável entre 112 e 544 páginas, em papel Pólen Natural 80g.

ISBN: 978-85-8193-513-3

Cruz e Sousa
Broquéis e Faróis

Cruz e Souza é um autor central e pioneiro na literatura brasileira. Vanguardista e muito atento ao seu próprio tempo, sua letra entalhada inaugurou a estética simbolista no Brasil, só descontinuada em 1922, com o movimento modernista.
Literariamente inserido na tradição dos seus contemporâneos franceses Charles Baudelaire, Stéphane Mallarmé e Paul Verlaine, o autor de Broqueis e Faróis é considerando uma das maiores expressões do simbolismo do mundo. Negro, filho de ex-escravizados, sua vida foi inteiramente atravessada pela experiência do racismo, desse lugar de dor ele compôs um dos maiores poemas já escritos em língua portuguesa: O Emparedado, signo transfigurado em uma poética constituída de imagens, ritmos, lamentos, silêncios, musicalidade, assombros, resistência.
Fernanda Miranda,
professora de Teoria da literatura da UFBA

INFORMAÇÕES TÉCNICAS:
Capa dura, dimensões: 14 x 21, paginação variável entre 112 e 544 páginas, em papel Pólen Natural 80g.

ISBN: 978-85-8193-513-3

Castro Alves
Espumas flutuantes

Em Espumas flutuantes, único livro publicado por Castro Alves em vida, brilha o outro lado do abolicionista autor do Navio negreiro. Está presente aqui o lado lírico, erótico, fantasmagórico, e é marcante a consciência da morte, que se aproxima rápida do poeta de 23 anos.
Estas Espumas trazem a grandiosidade da visão desde o firmamento, traduções dos mestres inspiradores Byron e Victor Hugo, versos patrióticos e estribilhos singelos como “laço de fita”. Os fantasmas nem sempre são macabros: os “anjos da meia-noite” podem ser apenas a procissão de amores do passado. Ao final do volume, uma micropeça, “Uma página de ensaio realista”, revela a aproximação do autor com o movimento que sucederia o Romantismo. Ferido de morte, após um acidente com arma de fogo, e debilitado pela tuberculose, Castro Alves se despede aqui em verso. Morre no ano seguinte, 1871.
Adriano Schwartz,
professor de literatura da USP

INFORMAÇÕES TÉCNICAS:
Capa dura, dimensões: 14 x 21, paginação variável entre 112 e 544 páginas, em papel Pólen Natural 80g.

ISBN: 978-85-8193-513-3

Emília Freitas
A rainha do Ignoto

Emília Freitas publicou o romance A rainha do Ignoto em 1899, encerrando o século XIX com uma forma estética nova: a literatura fantástica.
É das mãos de uma mulher, nordestina, feminista, abolicionista, republicana e atuante no cenário político em que viveu, que a ficção especulativa nasce na literatura brasileira, embora a autora tenha sido totalmente apagada e sua obra esquecida.
Em A rainha do Ignoto, os elementos que na escrita apontam para o insólito, o mágico e o surreal estão em diálogo com as marcas da realidade que a narrativa objetivamente critica: a escravidão, os desmandos do patriarcado e a opressão às mulheres, a imposição religiosa. A escrita imaginativa de Emília Freitas é um convite tanto para transgredir quanto para transformar o real e o texto navega, como ela dizia, “entre o impossível e o impossibilitado”.
Fernanda Miranda,
professora de teoria da literatura da Universidade Federal da Bahia

INFORMAÇÕES TÉCNICAS:
Capa dura, dimensões: 14 x 21, paginação variável entre 112 e 544 páginas, em papel Pólen Natural 80g.

ISBN: 978-85-8193-513-3

Joaquim Manuel de Macedo
A moreninha

Não é por acaso que A moreninha fez enorme sucesso ao ser lançado, em 1844, e quase dois séculos depois ainda é um dos romances mais lidos e queridos da literatura brasileira.
Mais leve que o ar, a prosa cheia de graça de Joaquim Manuel de Macedo garante o frescor de uma trama que em mãos menos hábeis poderia soar açucarada e até tola: as intrigas amorosas de uma juventude privilegiada — e gloriosamente inconsciente dessa condição — numa sociedade escravocrata.
Sim, o tempo ingênuo que vigora nestas páginas só existe como mito, fora da história. No entanto, quem aceitar o pacto proposto pelo livro verá uma luz intensa atravessar cada frase, despertando saudades do que não viveu. Como não acompanhar essa comédia romântica com um sorriso, torcendo pelo amor de Augusto e Carolina? Se alguém disse shipando, acertou também.
Sérgio Rodrigues,
colunista da Folha e escritor, autor de A vida futura e O drible

INFORMAÇÕES TÉCNICAS:
Capa dura, dimensões: 14 x 21, paginação variável entre 112 e 544 páginas, em papel Pólen Natural 80g.

ISBN: 978-85-8193-513-3

Tomás Antônio Gonzaga
Marília de Dirceu

Um marco divide Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga. É a prisão do poeta, em 1789, por envolvimento na Inconfidência Mineira. A primeira parte da obra, de antes da prisão, é sonhadora, a máxima expressão do arcadismo brasileiro, na temática pastoril e na adoração à musa.
Na segunda, a beleza bucólica é substituída pelo escuro da masmorra, os belos pássaros por abutres. Já na primeira parte, havia pressa para a consumação do amor, antes que o tempo roubasse ao corpo as forças — a inspiração para Marília, Maria Doroteia, era 22 anos mais nova que Gonzaga.
Na prisão, os cabelos branqueiam e caem, a pele enruga, e só a impossível presença da musa seria capaz de lhe devolver a mocidade. Se no início Dirceu é vítima do Cupido, que lhe impõe o amor, a partir da detenção vira refém também da Fortuna, que o condena à solidão e à injustiça.
Adriano Schwartz,
professor de literatura da USP

INFORMAÇÕES TÉCNICAS:
Capa dura, dimensões: 14 x 21, paginação variável entre 112 e 544 páginas, em papel Pólen Natural 80g.

ISBN: 978-85-8193-513-3

Raul Pompeia
O Ateneu

Esta obra-prima de Raul Pompeia tem uma das frases iniciais mais citadas da literatura brasileira: “Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. Coragem para a luta”.
A vida de Sérgio, de apenas 11 anos, estava prestes a sofrer uma série de reviravoltas com sua entrada no Ateneu, o mais prestigiado colégio do Rio de Janeiro. Coragem era indispensável, claro, mas ele também precisaria de sagacidade para lidar com a hipocrisia que prevalecia no internato.
Escrito na primeira pessoa, é um dos mais belos romances de formação entre os publicados no Brasil no século 19. Acompanhamos Sérgio deixando a meninice para se tornar um adulto em meio às contradições e aos mistérios da alma humana.
Lançado em 1888, O Ateneu se mantém como uma obra do tempo presente porque retrata, com sensibilidade raras vezes vista, uma transição que todos nós, um dia, tivemos que enfrentar.
Naief Haddad,
repórter especial da Folha

INFORMAÇÕES TÉCNICAS:
Capa dura, dimensões: 14 x 21, paginação variável entre 112 e 544 páginas, em papel Pólen Natural 80g.

ISBN: 978-85-8193-513-3

Maria Benedita Bormann
Uma vítima

Bela, recatada e do lar. Podemos usar essa expressão dos dias de hoje para definir uma personagem de 140 anos atrás, Lúcia, a figura central de Uma vítima, livro de Maria Benedita Câmara Bormann, conhecida pelo pseudônimo Délia.
O romance, porém, desenvolve-se sobre um engenhoso jogo de aparências, e logo descobriremos que o comportamento da jovem vai muito além de uma graciosidade inocente. Lúcia toma distância da mãe, que sempre a tratou com frieza, e infla as ambições políticas do pai, de quem é muito próxima.
Não faltam surpresas neste ambiente familiar da alta burguesia carioca dos anos 1880, cuidadosamente construído pela autora.
Uma vítima pode servir como introdução à obra dessa romancista, que teve reconhecimento modesto no período em que atuou e mesmo hoje se mantém quase como um segredo para poucos. A literatura de Délia merece ser conhecida e celebrada.
Naief Haddad,
repórter especial da Folha

INFORMAÇÕES TÉCNICAS:
Capa dura, dimensões: 14 x 21, paginação variável entre 112 e 544 páginas, em papel Pólen Natural 80g.

ISBN: 978-85-8193-513-3

Manuel Antônio de Almeida
Memórias de um sargento de milícias

Publicado de forma anônima em 1854, o único romance do jornalista carioca Manuel Antônio de Almeida é singular também no quadro da literatura brasileira do seu tempo. Distante da sensibilidade romântica então vigente, a narrativa cômica das peripécias do malandro Leonardo dispensa de saída o tom elevado — e tantas vezes afetado — da literatura com L maiúsculo.
Com vivacidade e uma linguagem próxima da fala das ruas, sem cerimônia ou sombra de intenção moralizante, o romance nos conduz pela mão por becos, boticas e batuques do Rio de Janeiro do “tempo do rei” — ou seja, D. João VI. É um mundo divertido, mas perigoso, que o autor pinta com talento de cronista e que povoa de tipos humanos habituados a lutar pela sobrevivência na fronteira da legalidade, para quem as noções de certo e errado estão sempre trocando de lugar.
Sérgio Rodrigues,
colunista da Folha e escritor, autor de A vida futura e O drible

INFORMAÇÕES TÉCNICAS:
Capa dura, dimensões: 14 x 21, paginação variável entre 112 e 544 páginas, em papel Pólen Natural 80g.

ISBN: 978-85-8193-513-3

Júlio Dinis
As pupilas do senhor reitor

Ficou célebre a frase de Eça de Queirós sobre Júlio Dinis: “Viveu leve, escreveu leve, morreu leve”. Dizem que é uma crítica. Sempre pensei que era um elogio: Júlio Dinis tem aquilo que os humanistas designavam por sprezzatura — a capacidade de simular grande facilidade de estilo quando, na verdade, não há coisa mais difícil do que escrever facilmente.
Em As pupilas do senhor reitor, a prosa é transparente como as águas do campo. Mas, através dela, vemos um retrato notável do Portugal liberal — um país que, apesar de todas as promessas, não esqueceu nem suplantou o Portugal antigo das províncias e dos seus sentimentos intocados pela afetação ou pelo progresso.
João Pereira Coutinho,
colunista da Folha

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Capa dura, dimensões: 14 x 21, paginação variável entre 112 e 544 páginas, em papel Pólen Natural 80g.

ISBN: 978-85-8193-513-3

Francisca Júlia
Mármores

Livro de estreia de Francisca Júlia, Mármores foi publicado em 1895. Dividido em quatro partes – sendo as duas centrais compostas por traduções do alemão de Heinrich Heine e Johann Wolfgang von Goethe –, o livro abre e fecha com poemas homônimos que reputaram à poeta paulista o famoso apelido de Musa Impassível.
Francisca Júlia fez um sucesso tão estrondoso em sua época com os sonetos que publicava nos jornais que, como era comum num mundo que não admitia a possibilidade de associar talento e mulheres, acharam se tratar de um homem escrevendo sob pseudônimo. Mesmo considerada uma das primeiras mulheres parnasianas, Francisca Júlia flerta, sem deixar de lado o rigor formal, com motivos simbolistas, decadentistas e até mesmo românticos. Admirada por Machado de Assis e Mário de Andrade, a sua poesia densa, autorreflexiva e sonora já passa muito da hora de ser redescoberta.
Noemi Jaffe,
escritora, autora de Lili: novela de um luto e O que ela sussurra, entre outros

INFORMAÇÕES TÉCNICAS:
Capa dura, dimensões: 14 x 21, paginação variável entre 112 e 544 páginas, em papel Pólen Natural 80g.

ISBN: 978-85-8193-513-3

Gonçalves Dias
I-Juca-Pirama e Primeiros Cantos

Primeiros cantos (1846), obra de estreia de Gonçalves Dias que abre com a famosíssima “Canção do exílio”, é uma coleção de poemas que refletem sobre a identidade nacional já com a liberdade formal característica do poeta, que adotou a metrificação portuguesa e a torceu para expressar o que queria.
I-Juca Pirama — em tupi, “o que há de ser morto, e que é digno de ser morto” —, apareceu pela primeira vez no livro Últimos cantos, de 1851. Famoso pelos versos sentimentais e rítmicos, o poema conta a história de um guerreiro tupi que, aprisionado pelos timbiras, comete uma transgressão interpretada como covardia e deve então provar que é mesmo bravo e forte e filho do Norte.
Obras fundamentais da poesia romântica brasileira e do indianismo, são uma chave para entender a formação não só da literatura nacional como do país como um todo.
Noemi Jaffe,
escritora, autora de Lili: novela de um luto e O que ela sussurra, entre outros

INFORMAÇÕES TÉCNICAS:
Capa dura, dimensões: 14 x 21, paginação variável entre 112 e 544 páginas, em papel Pólen Natural 80g.

ISBN: 978-85-8193-513-3

Raul Brandão
Húmus

Taxado de “antirromance” pela crítica da época por sua ousadia formal inaudita, espécie de diário poético com forte sabor ensaístico, Húmus, publicado em 1917 — durante a década que mudou tudo, afinal de contas, na esteira da Primeira Guerra Mundial — é considerado um dos grandes precursores do modernismo português. O cenário é uma vila sonolenta, “encardida” e quase fora do tempo onde só se escuta “o trabalho persistente do caruncho que rói há séculos na madeira e nas almas”, e os personagens são pouco mais que espectros, “que se agitam numa existência transitória e baça”. Enquanto isso Gabiru, o personagem mais falador e intrigante do romance, faz as vezes de alter ego do autor ao se misturar com o narrador. É nesse húmus do título que se dá tanto a imobilidade da vila quanto o movimento mais vital, cíclico, da vida.
Noemi Jaffe,
escritora, autora de Lili: novela de um luto e O que ela sussurra, entre outros

INFORMAÇÕES TÉCNICAS:
Capa dura, dimensões: 14 x 21, paginação variável entre 112 e 544 páginas, em papel Pólen Natural 80g.

ISBN: 978-85-8193-513-3

Olavo Bilac
Tarde e Via láctea

Este volume oferece um belo panorama da produção de um de nossos maiores poetas ao reunir a coleção de sonetos Via láctea, presente em seu livro de estreia Poesias, de 1888, a Tarde, seu último projeto, publicado postumamente em 1919.
Ele já deixa clara, em Via láctea, sua filiação aos parnasianos: “Invejo o ourives quando escrevo:/ Imito o amor/ Com que ele, em ouro, o alto relevo/ Faz de uma flor.” Formado por 99 sonetos — ora decassílabos, ora alexandrinos —, Tarde é, para alguns, a obra-máxima de Bilac; para outros — como Mário de Andrade, por exemplo —, significa o declínio do parnasianismo, reunindo nele todos os seus vícios. Crepuscular, nostálgico, patriótico, neoclássico e por vezes quase simbolista, Tarde é coalhado de reflexões sobre a transitoriedade: “Talvez haja na morte o eterno olvido,/ talvez seja ilusão na vida tudo…”
Noemi Jaffe,
escritora, autora de Lili: novela de um luto e O que ela sussurra, entre outros

INFORMAÇÕES TÉCNICAS:
Capa dura, dimensões: 14 x 21, paginação variável entre 112 e 544 páginas, em papel Pólen Natural 80g.

ISBN: 978-85-8193-513-3

Álvares de Azevedo
Noite na taverna e Macário

Publicados postumamente, em 1855, três anos depois da morte precoce de Álvares de Azevedo, Noites na taverna e Macário são obras complementares.
O primeiro, uma antologia de contos que o poeta ultrarromântico escreveu sob o pseudônimo de Job Stern, tem uma estrutura algo semelhante ao Decameron e aos Contos de Canterbury e é composto por relatos macabros e cheios de reviravoltas de jovens com nomes extravagantes como Bertram, Gennaro e Claudius Hermann — alusões a Byron, Schiller, Hugo e a outros autores europeus, num claro movimento de contraposição aos indianistas; o segundo, que Antonio Candido enxergava como uma introdução a Noites na taverna, é uma peça de teatro em dois atos que apresenta um jovem estudante que tem um encontro com Satã e é levado, numa viagem noturna, a conhecer a cidade da devassidão.
Noemi Jaffe,
escritora, autora de Lili: novela de um luto e O que ela sussurra, entre outros

INFORMAÇÕES TÉCNICAS:
Capa dura, dimensões: 14 x 21, paginação variável entre 112 e 544 páginas, em papel Pólen Natural 80g.

ISBN: 978-85-8193-513-3

Almeida Garrett
Viagens na minha terra

Por vezes, quando me esqueço das virtualidades do português escrito, regresso a Almeida Garrett. Sobretudo ao Garrett das Viagens, essa obra que é, simultaneamente, a mais luminosa do autor (no estilo) e a mais sombria (na meditação existencial e política). O estilo é moderno, coloquial, sardónico e estrangeirado.
Mas o retrato é desencanto puro, como é próprio das almas românticas que buscam o ideal e se confrontam com a realidade. No caso, a realidade portuguesa depois das guerras civis entre liberais e absolutistas. Garrett, liberal desde a primeira hora, teria muito para festejar: o liberalismo, depois de rios de sangue, triunfara em Portugal. Mas triunfara para quê, ou para quem, se a verdadeira vitória foi a dos “homens sem qualidades” – aqueles que, nas palavras de Oscar Wilde, sabem o preço de tudo e o valor de nada?
João Pereira Coutinho,
Colunista da Folha

INFORMAÇÕES TÉCNICAS:
Capa dura, dimensões: 14 x 21, paginação variável entre 112 e 544 páginas, em papel Pólen Natural 80g.

ISBN: 978-85-8193-513-3

Carmen Dolores
A luta

A luta foi publicado como folhetim em 1909 e transformado em livro em 1911. Carmen Dolores — pseudônimo de Emília Moncorvo Bandeira de Melo —, aristocrata meio decadente e uma das polemistas mais conhecidas da época, com uma coluna de enorme sucesso no periódico O Paiz, causou grande furor com este relato da vida matrimonial de Celina Ferreira, espécie de “Bovary da rua das Marrecas” que sonha com “uma existência mais larga, a independência da mulher elegante e rica, que sai só, vai a teatros e alimenta a corte ardente de muitos admiradores”, filha insubmissa de uma dona de pensão interesseira de Santa Teresa.
Incluído numa lista de livros imorais pelo frei jesuíta Pedro Sinzig poucos anos depois de sua publicação, o romance não se furta de abordar de frente as questões de gênero e classe, sem subterfúgios nem eufemismos.
Noemi Jaffe,
escritora, autora de Lili: novela de um luto e O que ela sussurra, entre outros

INFORMAÇÕES TÉCNICAS:
Capa dura, dimensões: 14 x 21, paginação variável entre 112 e 544 páginas, em papel Pólen Natural 80g.

ISBN: 978-85-8193-513-3

Camilo Castelo Branco
Amor de perdição

Todos os dias, na cidade do Porto, passo pelo cárcere onde Camilo Castelo Branco escreveu este Amor de Perdição. Olho para as grades e imagino o autor, algures em 1861, escrevendo em apenas 15 dias o mais alucinante texto do romantismo português.
George Steiner tinha razão: as grandes tragédias só são possíveis em sociedades aristocráticas, onde os indivíduos valem menos do que a força implacável das tradições e dos preconceitos. Shakespeare sabia disso. Camilo também. No amor funesto de Simão e Teresa, os dois personagens centrais do livro, encontramos a mesma rebeldia de Romeu e Julieta contra os deuses terrenos da família e da moral. Mas encontramos mais: a rebeldia do próprio Camilo, também aprisionado por delito de amor.
A biografia de Simão, escrita a golpes de desespero e insânia, é a autobiografia de Camilo.
João Pereira Coutinho,
Colunista da Folha

INFORMAÇÕES TÉCNICAS:
Capa dura, dimensões: 14 x 21, paginação variável entre 112 e 544 páginas, em papel Pólen Natural 80g.
